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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cientistas envelhecem cérebro com sangue

Em um estudo com potencial para tratar Alzheimer ou demência, pesquisadores conseguiram envelhecer ou rejuvenescer o cérebro de ratos apenas com sangue.

A descoberta dos pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, vem sendo comparada aos hábitos dos vampiros, os personagens da ficção que se alimentam de sangue humano.

Mas, ao contrário de Drácula, Lestat e companhia, o sangue utilizado nos estudos com ratos foi injetado – e não bebido.

Basicamente, os pesquisadores encontraram substâncias no sangue de ratos idosos que fazem cérebros de jovens agirem como velhos. Essas substâncias, cujos níveis aumentam com a idade, também estão presentes em humanos e parecem inibir a capacidade do cérebro de produzir novas células nervosas cruciais para memória e aprendizado.

A pesquisa, publicada em uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo, a Nature, levanta a questão: seria possível proteger o cérebro do envelhecimento atenuando os efeitos dessas substâncias? Ou, ainda, identificar outras substâncias que tenham efeitos rejuvenescedores?

Sangue, plasma e proteínas
Há muito tempo, cientistas acreditavam que o cérebro humano adulto era incapaz de produzir novas células cerebrais. Mas, agora, sabe-se que pelo menos dois locais do cérebro de mamíferos (incluindo ratos e homens) formam essas novas células. Um deles (“dentate gyrus”) é uma parte-chave do hipocampo, onde novas experiências ficam gravadas na memória. O surgimento de novos neurônios nessa região está associado à presença de células-tronco.

As células- tronco no cérebro de adultos diminuem com a idade, assim como algumas capacidades cognitivas, como memória especial. No caso de humanos, isso implica, por exemplo, esquecer onde parou o carro.

Para testar se seria possível aumentar essa capacidade, a equipe do dr. Tony Wyss-Coray conectou, cirurgicamente, os sistemas circulatórios de pares de ratos: um jovem e um velho. A mistura dos sangues causou efeitos no cérebro de ambos: o rato mais velo produziu três vezes mais novas células cerebrais do que os animais de sua idade que não haviam passado pelo procedimento; já os ratos jovens tiveram menos formação de neurônios novos ao serem expostos ao sangue velho.

O próximo passo do experimento foi descobrir o que, no sangue, produzia esse efeito. A primeira possibilidade seria o fato de células dos jovens estarem agindo nos mais velhos. Essa hipótese foi descartada quando um rato geneticamente modificado, cujas células brilhavam em verde quando expostas à luz, teve seu sistema circulatório ligado a outro. Os pesquisadores viram as células “verdes” no sangue do parceiro, porém ela nunca se manifestou no cérebro.

Em seguida, os testes foram feito com o plasma - a parte do sangue livre de células – de um rato velho injetado em ratos jovens. O efeito obtido foi o mesmo de quando o jovem recebeu o sangue do mais velho: diminuição na taxa de formação de novos neurônios.

Por fim, os pesquisadores se voltaram para 66 proteínas do sague dos ratos, escolhendo seis fortes candidatas para serem analisada e chegaram a alguns resultados – o mais evidente deles foi com a “eotaxin”, uma pequena proteína que atrai certo tipo de célula do sistema imunológico.

Ratos jovens que receberam a injeção de eotaxin pura apresentaram o mesmo efeito da injeção de plasma ou compartilhamento de sangue de ratos mais velhos. Em humanos, essa mesma proteína também aumenta com a idade e é associada a alergias e asma.

Os pesquisadores acreditam que o efeito negativo da proteína poderia ser suprimido com injeções de alguma outra substância que bloqueasse o efeito da eotaxin.

O grupo agora trabalha para encontrar essa substância - buscando um fator “rejuvenescedor” no sangue dos ratos jovens. As investigações também avaliam o papel da proteína na perda de memória associada ao Alzheimer ou à demência.

fonte: http://info.abril.com.br/

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